quarta-feira, 30 de junho de 2010

CILADA poema do livro O AVESSO DO ROSTO.1991

A tentação de unidade não deixa de afirmar a sua presença. Isolar uma palavra, torná-la excepcional, não garante a glória ao poema. Cada instate é uma cilada, não há recursos e o passado nada prova. Desmedida, a paixão é também destruidora, provoca a cegueira, faz ver um acantecimento onde apenas existe o desastre ou o logro. Aceder à imperiosa vontade de escrever,ambicionar a plenitude, serve o presente. É necessário ser poderoso, atravessar a aridez e o enigma, ir até ao fim. A sedução, o engano empobrecem a minha época. Amar as palavras, a espessura do texto, coloca a dúvida onde muitos têm vindo a vacilar.

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